Um caso que expõe a realidade da saúde local
Durante sessão na Câmara Municipal, o vereador Joecir Bernardi relatou um episódio presenciado no último sábado, na Associação Cristo Rei, em Pato Branco. Ele encontrou um cidadão com o dedo quebrado e sangrando, resultado de um acidente em oficina mecânica. Segundo o vereador, o homem havia recebido previsão de 15 dias de espera para atendimento médico adequado, mesmo diante de uma situação de dor intensa e visivelmente grave. Bernardi destacou a indignação com o caso, que reflete as dificuldades enfrentadas pela população em relação ao atendimento de saúde. Ele comparou os vereadores ao “para-choque do caminhão da cidade”, pois são eles que recebem em primeira mão as reclamações da comunidade. O parlamentar também ressaltou avanços recentes, como o fortalecimento da ouvidoria, mas reforçou que ainda há muito a ser melhorado.
A defesa da APAE e a preocupação com decisões judiciais
Outro ponto central do discurso foi a preocupação com a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Bernardi relembrou a luta histórica, iniciada ainda na gestão do então vice-governador Flávio Arns, junto ao governador Beto Richa e ao presidente da Assembleia Legislativa da época, Valdir Rossoni, para garantir financiamento estadual às APAEs. Contudo, ele demonstrou apreensão diante de uma ação judicial movida por uma cidadã de Curitiba que questiona a legalidade dessa lei. Segundo o vereador, se a decisão avançar, pode comprometer a manutenção do custeio de pessoal das APAEs no Paraná. O vereador trouxe um testemunho pessoal: seu próprio irmão é atendido pela APAE, mas, por conta da idade, já não terá acesso ao serviço a partir do próximo ano. “Ele é um idoso, e não sei o que vai ser do futuro dele. A APAE é um exemplo para o Brasil. Não podemos permitir que pessoas especiais sejam desassistidas”, afirmou.
Crítica à destinação de recursos públicos
Na sequência, Bernardi fez uma crítica à inversão de prioridades na destinação de recursos públicos. Ele destacou que milhões de reais são investidos em shows e projetos culturais via Lei Rouanet, enquanto áreas essenciais como saúde e inclusão social enfrentam dificuldades. Embora tenha declarado respeito e admiração por artistas como Gilberto Gil e Chico Buarque, usados como exemplo em sua fala, o vereador questionou: “Por que é mais fácil arrumar milhões para um show do que para financiar a APAE ou a saúde?” Para ele, os investimentos deveriam priorizar serviços essenciais, já que milhares de famílias dependem de instituições como as APAEs para garantir dignidade e qualidade de vida a pessoas com deficiência.
Um alerta para a sociedade
Encerrando a sua fala, Joecir Bernardi fez um apelo à reflexão: “Estamos vivendo uma inversão de valores. Precisamos acordar como sociedade. Se não nos mobilizarmos, corremos o risco de ver ‘o rio subir ao contrário’, como dizia um antigo morador da região.”
O vereador reforçou que a inclusão de pessoas com deficiência deve ser tratada como responsabilidade do orçamento federal, e não retirada dos estados. Para ele, negar esse financiamento significa condenar milhares de pessoas especiais a uma vida sem acesso ao tratamento necessário. Este texto traz à tona uma questão fundamental: como equilibrar os investimentos públicos para que a saúde e a inclusão social recebam a atenção que realmente merecem.
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