Com rotinas de trabalho que podem ultrapassar 70 horas semanais e uma pressão constante pela excelência em toda jornada, médicos enfrentam condições que favorecem o esgotamento emocional. Nova pesquisa Qualidade de Vida do Médico, realizada pelo Research & Innovation Center da Afya, maior ecossistema de educação e tecnologia em medicina no Brasil, mostra que cerca de 45% desses profissionais apresentam algum quadro de doença mental.
Para dar visibilidade a esse tema tão relevante e criar um espaço de acolhimento, neste Setembro Amarelo, a Afya lança a campanha “Bora se Cuidar”, que aposta na leveza para tratar da saúde mental e se propõe a ser um porto seguro não só para médicos, mas também para os estudantes, que enfrentam uma carga horária acima da média de outros cursos. A campanha conta com um vídeo protagonizado pelo influenciador médico Ricardo Kores, que traz a proposta “do riso à reflexão”. Além disso, há conteúdos de outros profissionais, podcasts e uma landing page exclusiva, que reúne diferentes formatos de apoio, como chat de ajuda, cartilha de autocuidado e calendário de eventos, permitindo que cada pessoa escolha o conteúdo que melhor se encaixa em seu momento.
“A formação médica exige dedicação integral, o que, somado à cobrança por excelência e à dificuldade de reservar tempo para si, pode favorecer o esgotamento emocional. A Afya quer tornar essa jornada menos solitária e mais sustentável do ponto de vista emocional. O cuidado precisa começar ainda na base, durante a graduação, e se estender por toda a trajetória da Medicina”, destaca Stella Brant, vice-presidente de Marketing e Sustentabilidade da Afya.
Burnout, ansiedade e depressão
Em comparação com o ano anterior, o estudo Qualidade de Vida do Médico aponta um aumento de 13% no número de profissionais que relatam algum quadro de doença mental, um retorno ao patamar observado no período pós pandemia. O recorte de gênero também chama atenção: 51,8% das médicas foram diagnosticadas com algum transtorno em 2025, frente a 46,8% no ano anterior. “O aumento geral desses números pode estar relacionado à maior conscientização sobre saúde mental, que tem levado mais médicos a reconhecer sintomas, buscar apoio especializado e obter diagnósticos adequados”, explica o médico Eduardo Moura, que está à frente do Research & Innovation Center da Afya.
O estudo também aponta que 1 a cada 2 médicos (58,2%) já vivenciaram algum grau de esgotamento relacionado ao trabalho, enquanto 4 em cada 10 convivem com um diagnóstico de transtorno de ansiedade. Apenas 24,7% dos respondentes afirmam nunca ter apresentado sintomas de ansiedade — o que significa que mais de 75% já vivenciaram algum grau de sofrimento ansioso ao longo da vida. A pesquisa também busca avaliar o número de diagnósticos de depressão entre médicos e médicas e se há tratamento e acompanhamento com um especialista.
No caso específico da depressão, apenas 36,1% nunca apresentaram sintomas — ou seja, quase dois terços da amostra já vivenciaram, em algum grau, experiências depressivas. Além disso, 22,6% já foram diagnosticados em algum momento e atualmente não convivem com a condição. Hoje, 41,3% manifestam sintomas de depressão, sendo 25,7% diagnosticados formalmente com a condição. Ainda assim, parte desse grupo não realiza acompanhamento com especialista.
Quanto ao diagnóstico de depressão, marque a alternativa que melhor se adequa ao seu estado atual: | Total | Feminino | Masculino |
Nunca apresentei sintomas de depressão | 36,1% | 31,4% | 42,6% |
Já fui diagnosticado com depressão no passado, mas atualmente não tenho a doença | 22,6% | 24,6% | 20,0% |
Apresento sintomas de depressão, mas ainda não estou em acompanhamento com especialista | 15,6% | 15,7% | 15,6% |
Tenho um diagnóstico atual de depressão, trato e acompanho com especialista | 22,3% | 25,1% | 18,2% |
Tenho um diagnóstico atual de depressão, mas não trato | 3,4% | 3,2% | 3,6% |
Mulheres relatam a condição com mais frequência em todas as etapas do ciclo da doença. Elas são maioria tanto entre aquelas que têm diagnóstico atual e fazem acompanhamento (25,1%, contra 18,2% dos homens) quanto entre as que já foram diagnosticadas (24,6% contra 20%).
“Os números mostram que o sofrimento emocional dos médicos não é pontual, é estrutural. Altos índices de ansiedade, burnout e depressão, somados às desigualdades de gênero, revelam a urgência de reposicionar o cuidado com quem cuida como prioridade estratégica. Isso exige políticas contínuas, integradas e sensíveis às realidades da profissão. Mais do que estatísticas, os dados escancaram urgências humanas que o país não pode mais ignorar”, afirma Moura.
Compromisso de longo prazo
O cuidado com a saúde mental de médicos e estudantes de medicina é uma causa da Afya. Em 2023, a empresa lançou, na sede da ONU, em Nova Iorque, este compromisso com o bem-estar de médicos e estudantes, durante o evento SDGs in Brazil, do Pacto Global da ONU. No ano seguinte, foi reconhecida com o Prêmio Nise da Silveira de Boas Práticas e Inclusão em Saúde Mental, concedido pela Câmara dos Deputados. Em 2024, a campanha “Está tudo bem?” trouxe o debate sobre o estigma que impede médicos de procurar ajuda. Este ano, o objetivo é incluir também os estudantes na conversa, reforçando a importância de cuidar da saúde emocional desde a graduação.
Da Assessoria
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