UFFS celebra aula inaugural do Mestrado Profissional em Direitos Humanos no Campus Realeza

Solenidade também marcou defesa pela implementação do curso de Direito apontado como prioridade no Plano de Desenvolvimento Institucional
Entrega da carta ao professor José Geraldo solicitando apoio na implantação do curso de Direito na UFFS – Campus Realeza

Numa noite considerada histórica, a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza promoveu, na última sexta-feira (15), a aula inaugural da primeira turma do Mestrado Profissional em Direitos Humanos. O evento lotou o auditório e simbolizou a consolidação de um projeto, bem como um avanço para a interiorização da pós-graduação no Brasil. O início das atividades acadêmicas do curso também foi marcado pela palestra do renomado jurista José Geraldo Sousa Junior, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB).

A solenidade reuniu autoridades acadêmicas, docentes, técnicos e estudantes. E na ocasião, o reitor da UFFS, professor João Alfredo Braida, celebrou a inauguração do curso destacando o caráter público e popular da instituição, além da responsabilidade de atuar no interior do país. “A implantação desse programa é mais um tijolo na efetivação do projeto de universidade que está aqui para olhar os problemas, para as dificuldades, para as demandas das pessoas que vivem neste lugar e ajudar a refletir sobre os problemas, as demandas, as necessidades desta região e, assim, ajudar a construir soluções”, enfatizou.

O coordenador do curso, professor Antônio Valmor de Campos, iniciou agradecendo a todos que transformaram o sonho do mestrado em realidade, reforçando que o programa nasceu de uma mobilização coletiva. Em um gesto simbólico, convidou os 20 estudantes da primeira turma, além dos 16 cursistas de disciplinas isoladas a se levantarem, recebendo-os com afeto: “Sejam todos bem-vindos; vocês carregam o esperançar da luta pela dignidade, pela equidade, pela tolerância, pela liberdade e pela universalização dos direitos”, disse.

O papel central das especializações em Direitos Humanos oferecidas anteriormente foi lembrado pelo diretor do Campus Realeza, professor Marcos Antonio Beal. Ao longo de quatro edições (2016, 2018, 2020 e 2023), 108 estudantes concluíram o curso. “Hoje vivemos a materialização de uma promessa feita a cada turma das nossas especializações em Direitos Humanos”, comemorou.

A mesa de honra contou ainda com a presença da vice-reitora da UFFS, Sandra Simone Hopner Pierozan, do pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da UFFS, Joviles Vitório Trevisol, da  coordenadora adjunta de pesquisa e pós-graduação do Campus Realeza, Vanessa Silva Retuci, e a estudante do curso de mestrado, Wellen Pereira Augusto. Todos fizeram pronunciamentos destacando a importância do curso para a instituição, especialmente para a região onde está inserido. O curso será ofertado nos campi Realeza (PR), Chapecó (SC) e Erechim (RS).

Luta pelo curso de Direito na UFFS – Campus Realeza

Como parte da solenidade, o diretor do Campus Realeza entregou pessoalmente ao professor José Geraldo uma carta solicitando apoio para a implantação do curso de bacharelado em Direito no Campus Realeza. A construção da proposta pedagógica do curso está em estágio avançado de elaboração, a qual é elaborada por uma comissão específica.

“Gostaria de fazer uma referência especial ao fato de que o Campus Realeza está em meio a uma luta importante pela implantação do curso de Direito, fundamentado nas ideias da nova Escola Jurídica Brasileira e do projeto Direito Achado na Rua, que tem como uma dos idealizadores o professor José Geraldo. Este movimento busca trazer uma abordagem crítica e transformadora ao ensino jurídico, com o foco no social, nos direitos humanos e nas demandas da sociedade”, reforçou o professor Marcos Antônio Beal.

Reitor, João Alfredo Braida, celebrou a inauguração do curso destacando o caráter público e popular da instituição

A carta reforça que o curso de Direito foi apontado, durante audiências públicas, como a principal prioridade para o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFFS para o ciclo 2025-2032. “A proposta está vinculada ainda à Escola de Administração Pública do Sudoeste do Paraná, consolidando-se como uma ação estratégica que visa não apenas a formação de profissionais qualificados, mas também o desenvolvimento regional sustentável, em sintonia com as demandas de justiça social e cidadania”, conforme o documento.

Palestra “Direitos Humanos: o que o contexto contemporâneo sugere?”

Em sua fala, o professor José Geraldo de Sousa Junior apresentou uma reflexão crítica sobre o papel e os desafios contemporâneos dos direitos humanos, destacando a natureza viva, coletiva e em constante transformação. “Os direitos humanos não são as declarações, não são os monumentos.
O que eu quero dizer é que aquilo que se expressa nos símbolos não necessariamente é a representação da ilha que é a realidade que está sendo participada. Os direitos humanos são as lutas sociais da dignidade humana. É o que faz um direito achado na rua, dialogar com os movimentos sociais, extraindo a dimensão real do que nas palavras se revela ou se oculta”, argumentou.

Também alertou para o poder da linguagem, mostrando como os termos carregam significados históricos que podem reforçar desigualdades de gênero, classe ou raça, e ressaltou a importância de problematizar esses usos no campo jurídico e social. “Pense que as palavras que a gente utiliza, elas não são neutras, elas não são vazias de sentido, elas são todas construídas pelo impulso e condições sociais de pontos políticos”, destacou José Geraldo.

Por fim, José Geraldo enfatizou que os direitos humanos são uma construção permanente, além de se renovarem diariamente a partir das experiências de inclusão, justiça social e participação popular — valores que, segundo ele, também estão na base do projeto de universidade pública representado pela UFFS. “ Os direitos são criados todos os dias. E essa essa universidade é fruto dessa leitura do que são as lutas e elas são construídas porque todos os movimentos sociais reivindicaram inclusão, acesso, afirmação, política de afirmação”, disse.

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