A saúde pública de Pato Branco enfrenta um cenário que, segundo a vereadora Anne Gomes, inspira preocupação e exige ações urgentes. Em pronunciamento recente, a parlamentar destacou uma “insatisfação generalizada” que atinge usuários, médicos, hospitais e gestores, reflexo de sobrecarga, atrasos financeiros e falta de diálogo entre os envolvidos.
Um sistema sobrecarregado
Anne Gomes chamou atenção para a pressão que os hospitais da cidade enfrentam. De acordo com ela, a demanda crescente de pacientes se soma a repasses em atraso, situação que compromete o funcionamento das unidades e gera dificuldades também para os consórcios de saúde. “Estamos percebendo uma insatisfação que toma conta de todos em relação à saúde. Hospitais sobrecarregados, pagamentos atrasados, médicos pressionados, usuários sem respostas. É uma realidade que precisa ser enfrentada coletivamente, porque todos têm uma parcela de responsabilidade e podem colaborar”, afirmou.
Situações que expõem falhas
A vereadora relatou dois episódios recentes que, em sua avaliação, revelam não apenas problemas estruturais, mas também a ausência de empatia no atendimento.
Atraso na liberação de óbito
No primeiro caso, um paciente faleceu em hospital local, mas a família permaneceu ao lado do corpo por mais de três horas, entre 19h e 22h20, aguardando a realização do registro de óbito. “A família estava desesperada, inclusive com uma senhora de idade presente, enquanto a funerária também aguardava. Isso demonstra a falta de sensibilidade diante de um momento de dor”, relatou.
Cirurgia sem recursos adequados
O segundo episódio envolveu uma paciente diagnosticada com tumor de hipófise. Segundo Anne, o procedimento deveria ter sido realizado por via nasal, técnica considerada menos invasiva. No entanto, a falta de equipamentos obrigou a equipe médica a abrir o crânio da paciente.
Após complicações, ela foi encaminhada para Curitiba, onde ainda recebeu uma advertência médica pela ausência de documentos necessários no processo de Tratamento Fora de Domicílio (TFD). De volta a Pato Branco, retornou debilitada, com o rosto inchado, precisando ser internada novamente.
“Isso é consequência da falta de estrutura e de planejamento. Faltou diálogo, faltou coordenação. Situações como essa não poderiam acontecer”, criticou a vereadora.
A necessidade de diálogo e prevenção
Para Anne Gomes, os problemas não se restringem à falta de recursos. Ela destacou a importância de uma gestão mais comunicativa e preventiva, que envolva os diferentes atores do sistema de saúde. “Se todos estão insatisfeitos, precisamos sentar-nos com os hospitais e conversar. Se falta equipamento para uma cirurgia, é preciso discutir o que está faltando e ver se não há como buscar juntos. O gestor também está sobrecarregado, mas é necessário diálogo para encontrar soluções”, afirmou.
A vereadora também questionou se a estratégia da atenção básica está funcionando adequadamente, já que a sobrecarga da UPA e dos hospitais sugere falhas na base do atendimento. Além disso, chamou atenção para os longos períodos de espera por exames, que muitas vezes agravam quadros clínicos. “Já presenciei casos em que, por falta de exames e de atendimento rápido, houve necessidade de amputar dedo ou parte da perna. Isso é consequência de uma rede que não funciona como deveria”, alertou.
Humanização como prioridade
Outro ponto enfatizado por Anne Gomes foi a importância da humanização do atendimento. Ela destacou que familiares de pacientes internados frequentemente não recebem informações sobre o estado de saúde de seus entes queridos. “Médicos, por favor, deem mais retorno aos usuários. As pessoas estão esperando empatia, estão esperando respostas. Muitas vezes, um simples diálogo já amenizaria a angústia das famílias”, destacou.
Para a vereadora, a falta de comunicação e acolhimento aprofunda o sentimento de abandono vivido pela população. “Se houvesse mais retorno, mais atenção e mais humanização, muitas situações não estariam acontecendo. E tenho certeza de que a insatisfação não seria tão generalizada”, concluiu.
Um chamado à ação coletiva
O pronunciamento de Anne Gomes serve como alerta para que o município enfrente de forma conjunta os desafios na área da saúde. Mais do que repasses financeiros, ela defende que o momento exige planejamento, diálogo constante entre gestores e profissionais, além de uma postura mais humana diante dos pacientes. “É uma responsabilidade de todos nós. Só assim será possível superar a crise e oferecer um atendimento digno à população de Pato Branco”, finalizou.
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