Na sessão ordinária da Câmara Municipal de Pato Branco, realizada em 1º de outubro, a saúde pública voltou a ser pauta central entre os vereadores. Diversos parlamentares manifestaram preocupação diante de relatos de atrasos em cirurgias, dificuldades na obtenção de materiais específicos para procedimentos e superlotação nos hospitais locais.
O caso que motivou o debate
O vereador Claudemir Zanco (Biruba) apresentou um requerimento convidando a secretária de Saúde do município, bem como representantes dos hospitais locais, para prestar esclarecimentos sobre situações recorrentes. Ele relatou o caso de uma idosa de 76 anos que, após fraturar o tornozelo em 21 de setembro, permaneceu por 10 dias hospitalizada sem realizar cirurgia, devido à falta de uma peça específica para o procedimento. Segundo o parlamentar, o hospital alegou que a Secretaria de Saúde não autorizava a compra da peça, enquanto a pasta informou que o material estava disponível, mas que o hospital se recusava a utilizar a opção prevista em licitação. “O que não podemos é deixar uma senhora de 76 anos desde o dia 21 com a perna quebrada. Quem é o responsável? A secretaria ou os hospitais? Isso precisa ser esclarecido”, afirmou.
Biruba destacou ainda que, em alguns casos, famílias acabam arcando com custos elevados — entre R$ 14 mil e R$ 20 mil — para garantir a cirurgia.
Falta de leitos e capacidade hospitalar limitada
O vereador Joecir Bernardi reforçou a necessidade de planejar soluções no médio prazo, diante da crescente demanda por atendimentos. Ele lembrou que a cidade aguarda a conclusão de investimentos como a Policlínica, mas que, até lá, o sistema já se encontra sobrecarregado. “Temos que discutir alternativas emergenciais, como a utilização de alas ou andares de hospitais privados para suprir a falta de leitos. A população cresce e a capacidade hospitalar está estrangulada”, alertou.
Prevenção e cuidados básicos
A vereadora Anne Gomes ressaltou a importância de melhorar o atendimento preventivo e relatou o caso de um paciente que teve complicações graves após a amputação de uma perna devido à falta de acompanhamento adequado em curativos, o que gerou nova infecção e risco de outra amputação. Ela também destacou a relevância da reunião proposta para esclarecer responsabilidades na relação entre hospitais e Secretaria de Saúde. “O povo não pode pagar por essa disputa de responsabilidades. Saúde não pode ser jogada de um lado para o outro”, disse. Anne ainda lembrou que o dia 1º de outubro marca o Dia da Pessoa Idosa e o início da campanha Outubro Rosa, reforçando a importância da prevenção e do cuidado com a população mais vulnerável.
Questionamentos sobre recursos e gestão
O vereador Rodrigo Correia propôs que, além da Secretaria e dos hospitais, um representante do Consórcio Intermunicipal de Saúde (CONIMS) também participe da reunião. Ele argumentou que os recursos destinados à saúde são elevados, mas ainda assim persistem queixas de demora em cirurgias e encaminhamentos para outros municípios. “Os números apresentados na prestação de contas são altíssimos. O investimento em saúde ultrapassa o mínimo legal, mas as reclamações continuam. Não é admissível que um paciente fique de 15 a 20 dias aguardando cirurgia por falta de placa”, afirmou.
Rodrigo citou o caso recente de um morador que aguardava cirurgia de vesícula em Pato Branco, mas precisou ser transferido para Cascavel. Apesar da intervenção política para agilizar o processo, o paciente acabou falecendo.
O papel do CONIMS
O vereador Diogo Grando reforçou a necessidade de esclarecer o papel do CONIMS na rede de atendimento. Segundo ele, o consórcio reúne mais de 30 especialidades médicas e inclui hospitais dentro do próprio município, mas ainda assim muitos pacientes acabam sendo transferidos para Cascavel, Guarapuava ou Curitiba. “Será que estamos utilizando todo o potencial do consórcio? Temos hospitais e especialistas aqui, mas nossos pacientes estão sendo mandados para fora. Precisamos entender para onde estão indo esses recursos e quais serviços realmente estão sendo prestados via CONIMS”, questionou.
Próximos passos
Diante da gravidade dos relatos, os vereadores defenderam a realização de uma reunião ampliada com representantes da Secretaria de Saúde, dos hospitais locais e do CONIMS. O objetivo é identificar gargalos, esclarecer responsabilidades e buscar soluções imediatas e de médio prazo para garantir o atendimento digno e ágil à população de Pato Branco.
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